quarta-feira, 5 de junho de 2013

Ninguém me segurava...

Abri os olhos meio confusa. Mas onde é que eu to? Olhei  em volta estranhando tudo, meio perdida.
Demorou um pouco até a consciência chegar e eu me dar conta de que estava na MINHA nova casa. Veio o reconhecimento, o relaxamento e a satisfação.
Fiquei na cama, olhando satisfeita, o pequeno pedaço de meu domínio. Meu cantinho.
Esperei preguiçosamente o relógio chegar a nove horas, pra só então levantar. Esta um desaforo este negócio de sete horas da manhã todos os dias, estou querendo quebrar este ciclo, mas esta inevitável acordar cedo.
Tive um milhão de pensamentos antes de me mudar para cá. Foram um milhão de pensamentos formulados no decorrer da idade adulta, e da luta inconsciente em não se deixar ir.
Ninguém me segurava, mas eu não me deixava ir.
Medo que confunde, medo que inibe, medo que paralisa.
Medo que passa, como tudo mais.
Cheguei cheia de verdades pre concebidas. E durante as três horas que separaram minha passagem pela porta de entrada e minha epifania de total intimidade com as paredes, lá se foram ralo abaixo todos as péssimas certezas. Eu estava ótima, cuidando da minha vida.
E que bom ter uma vida, e que bom se dar conta de como é bom.
Acompanhando o crescimento do meu sobrinho, eu olhava maravilhada para suas reações enquanto acontecia  a magia da descoberta. A descoberta de que aquele braço que balançava e fazia movimentos tão interessantes na verdade pertencia a ele.  Algum tempo depois, ele se deu conta de que poderia controlar estes movimentos, e mais tarde, que poderia criar movimentos novos. 
Imagina só, a loucura de descobrir que você é mais do que imaginava, que as coisas acontecem em um nível bem maior do que o seu entendimento, até aquele momento, me permitia entender. Como deve ser grande a descoberta, por si só. A possibilidade de tomar consciência.
 Pois eu ficava ali, olhando pra ele e, até então, só podia imaginar.

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