sábado, 10 de agosto de 2013


Fiquei uma noite, que virou duas, que viraram três...

Logo que cheguei aqui me disseram que Alto Paraiso era um lugar caprichoso, que escolhia as pessoas. Se é verdade ou nao eu nao sei, talvez nao tenha tido tempo para descobrir, mas vi que o Paraiso se equilibra em coisas terrenas e divinas, quase na mesma proporção.
Fui brindada por experiências muito fortes, que não posso afirmar serem exclusividade do local, mas com certeza aqui tem uma coisa a mais. Um movimento que me balançou, e me trouxe uma inquietude que ainda nao sei explicar. Só sei que foi assim.
Lá atras, o dia 21 de Julho, cheguei em Vila de São Jorge, onde, procurando um lugar Pra ficar conheci Junior, um maluco da BR, que ha tempos parou por aqui. Junior nos ofereceu o quintal do Danilo Pra acampar, o Danilo mesmo não estava, tinha ido a um festival de música Eletronica na Pedra da Lua, mas a casa estava cheia. O esquema do quintal era acampar aquela noite e sair bem cedo no dia seguinte.
Na manhã seguinte acordamos e encontramos Junior e um outro cara, vindo diretamente de woodstock, ambos com uma certa euforia que nao condizia com o horário, mas que condizia com a loucura da cidade onde estava acontecendo o Encontro de Culturas e muitas festas simultâneas, todas as noites, a noite inteira. Na casa do Danilo conheci Bruno, o Raiz. Igualmente falante e eufórico. Dali Nelson e Janina queriam seguir para a Aldeia Multietnica, que ficava a quatro km de São Jorge. Fiquei balançada, Por que queria ficar na cidade, para o Encontro, e foi ai que eu e meus parceiros de viagem, até então, nos separamos.
Fiquei na casa do Danilo, só por uma noite, que virou duas, que virou três.
E consegui conhece-lo, pouco antes de ir embora e a tempo de agradecer pela estadia daquela casa super movimentada, inclusive na ausência de seu dono.
Por lá passaram Juliana, seu companheiro e seu filho, Irineu, que só ia lá pra usar a cozinha e fazer suas cocadas, que vendia nas ruas durante os shows do encontro, sempre acompanhado de um trompete. Junior, com muitas historias sobre suas viagens e muito artesanato, e alguns outros, com quem não cruzei, só ouvi falar.
O encontro de culturas foi no mínimo interessante. Me diverti demais nas vivências e oficinas. Muitos grupos sensacionais de cultura regional. Os calos e bolhas na mão, de descascar cacau, recém curados voltaram com força total durante as oficinas de percussão, Maracatu, tambores do Maranhão e afins.  Em cinco minutos de oficina Chegaram as bolhas, mas Valeu muito a pena.
E o Raiz virou amigo, me recebeu em sua casa quando fui de São Jorge para Alto Paraíso.
Me contou sua historia, de como um raio mudou sua vida. Depois de quase morrer, passou três meses desmaiando pela cidade, começou a tocar instrumentos nunca tocados antes e descobriu a fotografia como profissão. Por insistência do pai, que saiu de Curitiba para Alto Paraíso quando soube do ocorrido semanas depois, Raiz foi ao médico e descobriu que parte de seu sistema nervoso ficara instável, uma certa região foi gravemente afetada, em contra partida uma outra região despertou, trazendo lindas surpresas como a flauta, o violão, a fotografia, a poesia e a vontade extrema de viver. Ele tem um certo tremor nas mãos de vez em quando, mas hoje vive e faz arte, que brota dele.
Antes de ir quero compartilhar a emoção que senti semana passada, quando parte da minha vivência foi colocada de forma tão linda e tão clara no blog "Entre duas línguas", do meu amigo Demis. http://entreduaslinguas.wordpress.com/2013/07/31/nu-meio-do-caminho/
Foi bonito de ver, de ler, em palavras que não encontro, um pedaço de minhas verdades.
Obrigada mais uma vez Cubano. Boa caminhada Pra nós.

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