quinta-feira, 22 de agosto de 2013



Lá vem a lua, fazendo luar na minha rua...

O momento não poderia ser mais luminoso e lindo.
 Moro em um vale encantado. 
Numa rua iluminada pela lua, e somente por ela, graças a Deus.
O vento vem avisando  sua chegada de longe. 
Na estradinha, sempre a mesma estradinha, que me leva à morada de todos os lugares, eu sigo cantando, no escuro, Pra espantar o medo besta. 
Ao meu canto responde o mato, sempre se mexendo quando passo, sempre tem alguém, algum, naquele mato. No mato todo e em todo o mato envolta. Envolta na noite, hora na luz, hora não, o morro sempre salta aos olhos. 
Eu gosto de noite de lua, ela cheia ou quase lá,  olhando Pro vale, me fazendo chorar, quando me permite ver quão lindo é o caminho, que faria mil vezes e a emoção que transborda viria nas mil. 
Seis quilômetros me separam da vila, alguns metros das casas amigas. Sempre esqueço a distancia, e varias vezes também a lanterna, mania de sempre achar que vai dar tempo de correr na frente do sol poente. 
Mania de sempre achar que vai dar tempo. Mas o tempo aqui é outro, ele não corre.  Sempre muito Pra fazer, e não querendo nada, pode também. 
Acordar cedo, treinar capoeira, cozinhar com os amigos, conhecer os amigos dos amigos, que sempre vem chegando. Sentar na frente da casa, na esteira de palha, o gramado, o sol, o almoço. Depois tem rio, alguém vai vir ai ensaiar dança afro, tem os meninos que vem Pra  percussão. E Pra que, e quem mais quiser tem musico. Veio todo mundo Pra cá, todo mundo que gosta de fazer um som, ou vários. 
Vai ter sauna, fogueira, jam na vila, forró no coreto, roda de Angola. Qualquer coisa agente se encontra na feira, Domingo.
Na volta, a tarde pode ser de filme, violão e biritinha. Esquecer da hora ou chegar cedo, Pra dormir quentinha, com Sublime Pra me ninar.
Vai de manhã subir o morro branco Pra ver o topo de tudo, Pra lá do mundo. Amigos produzindo no quintal, fazendo uma mesa e cantando com Luís Gonzaga, em português e portunhol. Espera, rapidinho acaba a mesa e vamos pro rio. 
Outro caminho, outra trilha, outra montanha, mais beleza. 
Uma casa sozinha lá em cima. Com mirante, um trapézio Pra ver todos aqueles montes de outro angulo, invertido.
 Fica cada vez melhor. 
Na casa da montanha tem fogão, e pé de tudo. Tem chá de fim de tarde Pra ver o por do sol. 
E fica cada vez melhor. Mesmo sem açúcar.
Sem conhecer os pontos mais turísticos, fico feliz, por hora, pelos paraísos quase secretos que fui apresentada. Vontade de engolir tudo, Pra ter certeza que nada se perca. 
Que meus olhos consigam registrar exatamente  como meu coração viu, e que a mente traga sempre o sentimento quando vier a lembrança. 
Quem me engoliu foi ela, beleza alem do que eu sou capaz de entender. 
Por que não precisa entender, é só ser.
 Hoje não tem lua. Noite escura de frio e chuva, mas escrever revive tudo como se fosse agora. 
Oh Santa Clara, traz a noite aberta e enluarada. Vontade de sair e dançar na clareira, em baixo da lua cheia, em volta da fogueira, com um tambor bem forte pulsando, coração e alma que incendeia.

Um comentário:

  1. Que coisa mais linda isso tudo... Costumo acreditar que toda beleza só existe dentro da gente, as coisas bonitas só nos ajudam a aflorar essa beleza.
    Obrigado, do fundo do meu coracao, por compartilhar essa tua beleza.
    E fiquei morrendo de vontade de ir aí, beber uns golinhos dessa água que adoça a alma. Eu deixo vc vir me buscar!
    Um grande beijo!

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