domingo, 11 de agosto de 2013

O céu mais azul que o azul se permite ser

Fiquei quinze dias em Alto Paraíso, mais ou menos. Esta difícil manter atualizada as postagens aqui, por conta do acesso, não tão acessível, à internet.
No azul mais azul que um céu pode ter, vivi o absurdo de estrelas, cravejando um teto de exaltação à vida sobre a minha cabeça, me mostrando mais uma vez o quanto sou pequena, ao mesmo tempo que sou tão grande quanto o que me cerca, uma vez que faço parte de tudo isso.
No cerrado a vida é amarela, quente, com variações de verdes chapados,  cobertos por uma névoa de poeira fina e bege, que deixa tudo fosco, pastel. Essa paisagem é salpicada por flores que brotam em todas as ruas de Alto Paraíso. Lindas combinações de vermelhos, laranjas e violetas, em flores que não pude guardar os nomes, mas tenho as formas cravadas na retina. A boca aberta diante do Ipê, alto e cheio de um amarelo inaceitável.  E eu me questionava a todo tempo como é possível tanta riqueza e tanta beleza naquela secura de clima. E naquela variação brusca de temperatura, onde amanhece quarenta graus, chega a níveis indecentes de calor por volta das 14:00, e o por do sol é o tempo exato que se tem para vestir "aquela"blusa, calça e tênis, por que no momento que o sol se pôs, amigo, é chá quente e fogueira Pra esquentar os ossos.
E as araras, me acompanhando até a padaria? E os tucanos voando baixo enquanto eu estava ali, parada na praça em frente a rodoviária? Como faz Brasil?
Uma beleza muito intensa e muito contrastante, de cores tão vivas com uma variação de muitos verdes esmaecidos e opacos das matas ao redor da cidade, na Chapada. E apesar de tudo isso o mais impressionante Pra mim é a imagem da vegetação na beira da estrada, em todas as estradas da região. Uma cor completamente diferente do resto, como se uma cerca viva, pintada de cobre, acompanhasse a estrada. Completamente coberta com o pó, sem qualquer vestígio do verde natural. 
Tive a sorte de poder acompanhar o trabalho do Raiz com Evandro, um pintor de São Paulo, que pintava as belezas da chapada enquanto era fotografado por Raiz. Assim pude conhecer um pouco mais da chapada e do seu trabalho, um lindo trabalho alias. Uma figuraça também. Com o corpo coberto de pinturas de padrões indígenas, acocorado no meio do nada, de frente pro cavalete, cercado de tintas e pincéis cravados na terra, reproduzindo as belezas daquele lugar. 
Vou sentir falta da Feira do Agricultor, com todas as suas delicias. E onde quase voltei nua, por que tudo que tinha troquei por doces, bolos e chocolate do pessoal da Tao do Cerrado. Tudo orgânico e gostoso de um jeito...quase indecente, com receitas que misturavam frutas, ervas, enfim, tudo do cerrado. 
 E foi em uma das noites mais frias, quando fomos agraciados com uma fogueira de aniversario, na casa do Ivan Anjo que me aproximei de Nati, Gabi e Passarinho.
Essa fogueira foi memorável. Não sei se haviam mais músicos ou mais instrumentos. Quanta gente talentosa. Teve quem cantou, quem dançou, quem contou historia e quem poetizou lindamente em volta da fogueira. Não sou muito de dizer esse tipo de coisa, mas a energia ali era outra.
Talvez Alto Paraíso tenha deixado sua marca. 
Alguns dias depois de desistir de uma carona com Evandro, que me levaria ate o Rio de Janeiro e depois SP, comecei a desejar uma companhia para seguir de volta para a Bahia, nem estava muito certa de quando queria ir, mas queria alguém Pra ir junto. E neste mesmo dia, na casa da Nati e da Gabi, enquanto estávamos falando sobre a chada Diamantina e o Vale do Capão, Passarinho vira de repente e me pergunta " vamos de carona pro Capão?". Eu respondi que sim, meio que no automático, então perguntei quando, e ele respondeu de pronto, "amanhã". Veja bem, não foi uma pergunta, foi uma afirmação. E esta Geminiana que voz fala, confusa e indecisa, foi contaminada com toda a certeza e decisão de Passarinho, e respondeu confiante que sim..."mas será que pode ser depois de amanhã? "

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